Ao ouvir algumas músicas de Caetano Veloso, meu espírito poético finalmente acordou para expressar uma recente circunstancia em forma de versos.
A História de Mim e um Passarinho
Tirem suas máscaras!
Revelem os espinhos, as ervas daninhas
Por trás desses buquês todos
Sorrindo como se fossem durar pra sempre!
Mostrem que como qualquer um
Cada um sua cruz carrega
Cada uma com seu devido peso
Físico e emocional.
Por trás de obscuros véus,
Lágrimas de dor, de remorso
Se derramam em corações desesperados
Encharcados pelo lamaçal da desgraça humana!
Ao propagar tão bela lição de moral,
Um passarinho eu conheci.
Junto de mim, deixou muitas almas inebriadas,
Evisceradas naquele momento de aplausos, sem vaia alguma.
Tinha tudo pra que seu canto chegasse
Aos ouvidos e corações de mais cobaias da sociedade
Egocêntrica e exploradora.
Afinal era por eles que tal criatura falava mais alto.
Assim como qualquer pássaro,
Tinha um canto suficiente pra formar
Algumas cores no meu arco íris até então cinza,
Tendo contato com tamanhos dons
Sem que os ponteiros do relógio se movessem tanto.
As barreiras, os muros mil
Que dominam este pedaço microscópico
De uma das milhares de galáxias
Do Grande Complexo - vulgo Universo.
Tudo isso só servia como obstáculo para os voos,
Tornava o pobre pássaro revoltado,
Farto de ser submetido ao cativeiro.
Queria logo voltar a natureza que lhe pertencia.
Aquela ave linda e ao menos vigorosa fisicamente
Resolveu um dia alçar voo.
Bicou as grades de sua gaiolinha à força.
Destruiu-a. Abriu suas asinhas
E voou! Se livrou!
Voou para a natureza seguindo o Sol.
Voou para o infinito em busca de socorro.
Voou e deixou marcas da necessidade de amar.
Grata estou por nossos minúsculos momentos.
Adeus, adeus!
Cante em nossos corações
A união, a harmonia, a justiça.
Seja livre, voe, voe...
R.T
Em memória de um jovem ator com quem contracenei por um tempo (e que belo tempo), cuja vida foi terminada voluntariamente, João Pedro.
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